População está cada vez mais distante dos clubes

O Datafolha publicou recentemente uma pesquisa sobre as maiores torcidas da cidade de São Paulo. Corinthians detém 36% dos torcedores, maior que a soma das outras três grandes forças do estado.

Na sequencia aparece o São Paulo com 19%, Palmeiras 12% e Santos 5%. Chama a atenção a foça do Flamengo na capital paulista, já que 2% dos paulistanos se declaram rubro negros.

Entretanto o intuito do meu artigo é analisar outro dado.

Segundo o instituto de pesquisas 24% dos paulistanos não tem um time de futebol. Em 1993 o valor era de 12%. Este número é muito elevado e mostra que estamos perdendo torcedores.

O desinteresse dos brasileiros pelos times, pode no futuro prejudicar muito o crescimento do nosso mercado.

Não torcedores

Esse fenômeno de perda de torcedores tem inúmeras explicações e todas elas associadas à gestão, tanto administrativa como técnica do nosso futebol. Infelizmente, o Brasil, de um dia chamado país do futebol, vê seu principal esporte definhar fora de campo, que afeta também seu desempenho técnico.

O mundo globalizado e integrado pelo ambiente digital fez o futebol prosperar. Os times europeus nunca faturaram tanto.

Os patrocinadores gastam cada vez mais, a UEFA movimenta cada vez mais bilhões de euros com a Champions e os times exploram novos mercados.

Mais ídolos são construídos, os estádios estão lotados, a festa é completa.

Enfim um mundo de sonho e magia em torno do futebol.

Ligas novas como a MLS não param de crescer e cada vez faturam mais, se aproximando de forma rápida da Série A, mas com valor de mercado muito superior.

Mas o Brasil não vive esse sonho, nossa realidade é exatamente oposta a tudo isso.

A visão da CBF, orientada para os interesses das federações e a gestão atual dos clubes brasileiros são os fatores responsáveis por esse distanciamento do futebol brasileiro com a população.

Muito antes do vexame do 7×1 para a Alemanha, a CBF já havia conseguindo diminuir a força e valor da seleção para a população brasileira.

As inúmeras denúncias de corrupção, calendário absurdo, competições decididas no tapetão, falta de valor dos campeonatos, fez com que os torcedores não mais se empolgassem com o futebol nacional.

Após a derrota para a Alemanha em 2014 era comum não ter gritos e comemorações em gols da seleção, por exemplo. Claro que Tite vem conseguindo esconder esse mar de incompetência com as vitórias. Mas nada mudou, mesmo com o bom desempenho da nossa seleção principal.

Clubes brasileiros são os maiores culpados

Em minha opinião, os clubes brasileiros são os grandes responsáveis pelo distanciamento com o torcedor. Por mais que a CBF tenha muita culpa nesse ambiente, os clubes unidos e individualmente podem mudar esse cenário.

Não temos uma liga, os clubes estão endividados, os estádios estão vazios, o nível do nosso futebol decaiu e a venda prematura de atletas não permite mais a construção de ídolos. Sem falar no baixo nível do marketing dos clubes.

Para piorar o quadro, a leniência do nosso mercado é contrastada com a eficiência e criatividade dos gigantes europeus.

Os maiores clubes da Europa já tomaram conta do Brasil, como estão fazendo com boa parte dos mercados pelo mundo.

Barcelona, Real Madrid, Manchester United e cia estão conquistando os jovens brasileiros, a geração Playstation, que não vê nos clubes brasileiros nada parecido, muito pelo contrário.

O maior risco para os nossos clubes é perder este torcedor 11, 12 anos até os 16 anos E depois na fase de jovem de 16 a 24 anos. Bem o perfil de torcedores que se empolgam com os conteúdos e ídolos dos times europeus e não dos times brasileiros.

Não é à toa que o maior contingente, em âmbito nacional, é o de “não torcedores”.

 

Fonte: Amir Somoggi – Uol