“Nosso modelo de TV por assinatura é falho, para não dizer falido”

COLUNA ‘QUINTA, CATEGORIA!’, POR CARLOS SALVADOR #8

Pacote?

Imagine que você precisa ir ao mercado em extrema necessidade de compras, onde na sua lista contém: ovos, pão, leite, fermento e farinha. Todo feliz, você chega ao mercado e vai nos corredores correspondentes, e quando vai comprar cada item, percebe que eles não mais estão à venda individualmente, e sim em pacotes:

Pacote Mix Maltine
OVO – Gengibre – Feijão – Escova de dente – Ervilha: R$ 19,90

Pacote Mix Potato
PÃO – Papel Toalha – Batata Palha – Sabonete – Filtro de papel: R$ 23,90

Pacote Water Plus
LEITE – Alface – Agua Mineral – Papel Higiênico – orégano – R$ 21,90

Pacote Energy +
FERMENTO – Energético – Pilha AA – Enxaguante bucal: R$ 18,90

Pacote Gás Floor
FARINHA – Molho de tomate – Azeite – Refrigerante – Copo plástico: R$ 20,90

Então, se você quiser fazer aquele tão esperado bolo para esperar a visita no fim de semana, você precisa comprar todos os pacotes, que sairão ao custo total de R$ 105,50 (Pacote Mix Combo Full Bolo). E todos os outros ingredientes ficarão tempos e tempos no seu armário até que você precise usá-los de alguma forma. Isso seria certo?

Com certeza não. Mas é mais ou menos assim que o consumidor se sente quando quer adquirir ou renovar seu pacote de TV por assinatura. Tudo junto com tudo, e nada combinando com nada, principalmente nos canais esportivos.

Se você gosta de esportes, não há nenhum pacote exclusivo de esportes. Você precisa necessariamente adquirir outros canais inúteis, para poder ter aqueles 5 ou 7 que você mais gosta. Além disso, se você quiser todos os canais de esportes, vai precisar assinar o maior ‘pacote full combo plus’ da operadora, afinal, os outros pacotes ofertados têm cada um, apenas um ou dois de esportes.

Nosso modelo de TV por assinatura é falho, para não dizer falido. O consumidor é refém de pacotes inúteis. Não há opção exclusiva para fãs de filmes, séries e principalmente esportes. Os mais fanáticos por futebol, só conseguem ter todos os campeonatos na sua tela se assinarem o maior pacote de cada operadora, obviamente sem contar o pay per view.

Vale lembrar que nos EUA já existe serviços de streaming para eventos esportivos, uma espécie de ‘Netflix para esportes’.

Não à toa, o mercado que mais sofre com a crise econômica no país é o de TV por assinatura, afinal de todos os supérfluos que uma casa pode ter, esse é o maior. Está na hora das operadoras enxergarem que precisam de mudança, que precisam atender a necessidade do cliente, vender apenas o que ele quer comprar, ou verá a cada ano outro milhão de assinantes migrando para o Netflix ou cancelando seu plano de TV.

Fonte: Carlos Salvador (Esporte e Mídia)