A incompetência da CBF está ligada diretamente à terrível fuga de patrocinadores do futebol. Campeonatos manchados por estranhos erros de arbitragem, violência dentro e fora dos estádios, péssimo nível técnico, corrupção na construção das novas arenas. Fracassos seguidos e frustração da Seleção Brasileira.
Com o país mergulhado na recessão, cada centavo investido pelas empresas é fruto de profundas pesquisas. Aliás, elas não precisam ser assim tão profundas. A audiência do futebol na tevê aberta caiu cerca de 22% nos últimos anos. Apesar do monopólio.
A falta de interesse da Band em pagar 15% do que a Globo banca pelo Brasileiro, Copa do Brasil serve como referência. O futebol deixou há muito tempo de ser prioridade para a emissora paulista.
Em 2014, o fracasso na Copa do Mundo foi a gota d’água. A bilionária Coca-Cola desistiu. O Magazine Luiza entrou no seu lugar. Mas um ano bastou. A empresa não quis mais saber. A Volkswagen também desistiu. Nada de acordo para 2016. Mesmo ciente que haveria Olimpíada e Copa América Centenária, nos Estados Unidos. Não se interessaram, viraram as costas.
As pressas, Sadia e Casas Bahia assumiram as vagas. E fizeram companhia para as fiéis Johnson & Johnson, Vivo, Ambev e Itaú. Eles foram anunciados com toda a pompa e circunstância por William Bonner, no Jornal Nacional, no dia 16 de outubro.
Mas a incompetência da CBF seguiu pesando. E Sadia e Casas Bahia avisaram desde o início do semestre que não seguiriam bancando o futebol em 2017. A informação foi mantida em sigilo. Executivos globais seguiram buscando no mercado substitutos. Não acharam. Até porque a emissora não quer baixar a pedida. O futebol vale R$ 1,7 bilhão nos cálculos da emissora. Ou seja, R$ 283 milhões para cada empresa.
Mas quando se analisa o calendário, a CBF outra vez surge como sabotadora. A Seleção de Marco Polo não teve competência para conseguir uma vaga na Copa das Confederações, no próximo ano, na Rússia. O futebol do planeta todo ficará paralisado para que todos acompanhem o torneio que serve de laboratório para o Mundial de 2018. E o Brasil não estará lá. Seriam cerca de 40 dias que os patrocinadores ganhariam destaque.
De nada adiantou a Globo garantir que mostrará os torneios até o final. Mesmo se os clubes paulistas e cariocas não estiverem na disputa. Como está fazendo com a semifinal da Copa do Brasil deste ano. Os índices de audiência são desanimadores na principal praça, São Paulo. Mal chegaram a 17 pontos.
Na prática, a emissora que tinha definidos seus patrocinadores do futebol no meio do ano, sofre. Estamos em novembro e a Globo só tem quatro cotas compradas. Agências de marketing buscas, desesperadas, duas empresas dispostas a gastar R$ 283 em 2017 com um produto tão mal tratado. E cuja rejeição e falta de credibilidade junto à população cresce ano a ano.
Já nasce uma ideia na dona do monopólio do futebol. Fazer como em alguns países da Europa. E deixar o futebol apenas para as tevês a cabo. Está cada vez mais penoso manter as altíssimas margens de lucro com tanto fracasso e caos.
Ótimo exemplo aconteceu ontem. Quando a CBF pisou no Estatuto do Torcedor e adiou a partida entre Ponte Preta e Santos. A medida aconteceu na sexta-feira, por ordem da PM, que temia o confronto entre torcedores ponte pretanos e bugrinos. O Guarani decidia o título da Série C e mostraria a partida ao vivo, no telão do Brinco da Princesa. Estádio grudado ao Moisés Lucarelli, do rival. Os jogos aconteceriam sábado à noite.
O jogo foi para a manhã do domingo.
O Santos ameaçou não entrar em campo.
Mas, pressionado, jogou.
Com a inscrição ‘faltou respeito’ nas costas dos jogadores.
Esse tipo de ação só assusta, afasta os patrocinadores.
A emissora carioca busca no mercado R$ 566 milhões.
Johnson & Johnson, Vivo, Ambev e Itaú estão atentos.
Se houver desconto, redução a interessados, também vão querer.
Não está nada fácil.
A relação entre Globo e CBF está mais do que azeda.
Para desespero também Marco Polo del Nero…
Fonte: Cosme Rímoli
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