Diretor do Tigrão, fala sobre reformulação, negociações e detalhes do caso Frontini

Longe das câmeras, dos holofotes e dos microfones, um dos responsáveis pela campanha do Tigrão, poucos conhecem. Felipe Albuquerque, diretor do colorado, tem feito um trabalho de reformulação e mudado a cara do Vila Nova, fazendo com que o time brigue até mesmo pelo acesso à Série A do Brasileiro.

Quando assumiu o cargo, Albuquerque já enfrentou o grande desafio de contratar um treinador para melhorar o desempenho colorado na Série B. A primeira opção era Paulo Roberto Santos, que conquistou o acesso à Série C pelo São Bento. Santos chegou a ser anunciado no OBA, mas voltou atrás e rejeitou a proposta.  Com a negativa do preferido, o diretor conta como foi a negociação para fechar com Guilherme Alves e elogia o técnico.

– Tudo isso aconteceu quando o Guto me fez o convite (para ser diretor). Eu tinha quatro opções de técnicos. Uma delas era o Paulo Roberto, com quem eu negociei primeiro e no final não chegamos a um acordo. A minha segunda oportunidade era o Guilherme, por ter acompanhado o Campeonato Paulista e ter visto o trabalho que ele fez. Desde o momento que eu falei com ele, houve uma sinergia. Já entendi o modelo de jogo dele e que isso encaixaria bem no Vila Nova. Para mim, nada do que está acontecendo agora é uma surpresa”, afirma.

Apesar de não ser o primeiro da lista, Guilherme Alves chamou atenção de Felipe Albuquerque pelas características de seu time, o Novorizontino.

– Sempre a minha busca foi pela regularidade. Eu via a regularidade do time dele. O time dele era muito aguerrido, com qualidade no toque de bola e numa marcação sob pressão o tempo todo. Eu fui entender um pouco mais do trabalho dele. Entendido, eu tinha no Guilherme um pretenso técnico para o Vila”, diz o diretor de futebol.

Resistência

Hoje, próximo de atingir o primeiro objetivo do clube, Felipe Albuquerque colhe os frutos do bom trabalho. Contudo, nem sempre foi assim. Seu anúncio para a diretoria de futebol causou uma renúncia coletiva de membros da gestão do presidente Gutemberg Veronez. Com humildade, Albuquerque afirma que não entendeu a resistência dentro do clube e destaca seu empenho para fazer um bom trabalho no cargo.

– Eu não acho que seja questão de vaidade até porque eu não me entendo melhor do que ninguém. Eu não tenho talento nenhum.Tudo é fruto do meu esforço. De acordar cedo, dormir tarde. De ver dez jogos ao vivo por semana e pelo menos mais cinco gravados. Eu não entendo porque houve tanta resistência em relação ao meu nome, mas eu sabia que só seria vencido através do trabalho. Quando os resultados viessem, eu saberia que a resistência iria diminuir”, pondera.

Reformulação

Em sua gestão no departamento de futebol, Albuquerque está liderando uma reformulação no elenco colorado. Peças outrora fundamentais para o Tigrão deixaram o OBA enquanto outras chegaram. No início, o processo gerou desconfiança por parte da torcida, especialmente depois da saída de Robston. Entretanto, o diretor revela que, internamente, todas as negociações para rescindir com atletas foram tranquilas.

– Tivemos tranquilidade em todas as liberações. Foram todas muito bem feitas e acertadas. Eu sempre digo que tenho a oportunidade de trabalhar com um grupo de homens. Em todos os acertos foram respaldados o clube e o atleta juridicamente. Não tivemos problemas nenhum. Óbvio que é uma negociação e se puxa para um lado e para outro até encontrar o ponto em comum, mas foram muito boas e deu tudo certo”, garante.

Caso Frontini

Outra situação que causou burburinho no Onésio Brasileiro Alvarenga foi a de Frontini. O presidente do Vila chegou a convocar uma coletiva para anunciar a despedida do atacante, que treinava em separado. Por sua vez, o atleta negou veementemente a afirmação de que estaria rescindindo com o Tigrão. Dias depois, o argentino foi reintegrado ao grupo principal. O imbróglio, porém, não se resolveu e o jogador continua sem espaço no elenco.

Felipe Albuquerque alega que a novela não teve seu capítulo final por conta da relutância de Frontini e revela que o atacante, inicialmente, aceitou a proposta de rescisão apresentada pela diretoria e somente depois voltou atrás.

– Eu posso dizer que muito do que está acontecendo vem da resistência do próprio atleta. Ele teve a oportunidade de solucionar a situação. Fazendo uma suposição, talvez influenciado por outras pessoas, a cabeça dele mudou. Ele entendeu que deveria ir até o final do contrato até por ter ganhos muito acima da média do elenco. A gente chegou muito perto. No dia em que o Guto deu a coletiva, ele falou que da parte dele estava ok. 12 horas depois ele mudou de opinião. Mas eu acredito que vamos chegar a um consenso que vai ser o melhor para o atleta e também para o clube”, frisa.