Diretor de ética da CBF vê ‘desconfiança natural’ sobre novo código, mas aposta no tempo

Deputado federal (PHS-MG) e diretor de ética e transparência da CBF, Marcelo Aro fala sobre o poder político da entidade e a implantação do Código de Ética. Na visão do parlamentar, o tempo provará que a normativa terá efeito no futebol brasileiro.

Como tem sido a sua atuação na CBF nos últimos tempos?
Elaboramos uma proposta inédita, no tocante à regulação ética. Algo que precisava ser feito e que segue a mais moderna tendência das corporações. Foi um grande desafio, coroado com a implantação.

Qual o avanço que espera com a confecção do código de ética?
Que todas as pessoas relacionadas ao futebol, direta ou indiretamente, tenham a plena convicção de que eventuais deslizes serão objeto de julgamento e punição.

Há quem pense que é “só mais uma normativa” ou que não vai “pegar”?
A desconfiança é natural. Mas tenho a certeza de que o tempo mostrará, aos que ainda questionam, que estamos diante de um importante regramento.

Acha correto que o código de ética não aborde casos passados, apenas desvios de conduta que surgirem a partir de agora?
Sim. Nenhuma legislação punitiva pode retroagir para prejudicar. É um princípio penal constitucional. O Código de Ética é um divisor de águas. Em breve, torcida e imprensa reconhecerão.

O deputado Vicente Cândido é colega de Câmara e diretor da CBF. Acha justificável que ele seja investigado pela comissão de ética por ter sido citado em uma delação?
Ninguém é imune às investigações, que são importantes tanto para a acusação quanto para defesa.

Ainda sobre Cândido… Você, do PHS, defendeu o impeachment, foi ao Congresso com Pixuleco, enquanto ele defendia o lado do PT. Isso de alguma forma ecoou na CBF?
De forma alguma. Faz parte da democracia. A CBF respeita o posicionamento partidário de cada um. Não há qualquer influência da entidade em nossas convicções políticas. Uma coisa é o trabalho de dirigentes, outra é atuação como parlamentares.

Por que considerar a diretoria de ética e transparência importante?
Ela estabelece um marco importante no futebol brasileiro. Ética e transparência são pilares fundamentais, que devem ser estruturados em todas as grandes corporações. Não pode ser diferente em uma entidade da grandeza da CBF.

E a CBF tem um nível satisfatório de transparência?
Sem sombra de dúvida, avançamos muito nessa questão. Muito ainda precisa ser feito. O trabalho diário é para que a instituição se torne referência nesse tema.

Politicamente, a leitura que muitos fazem é que o pior já passou para Marco Polo Del Nero. Concorda?
Sim. Os resultados dentro e fora de campo demonstram que estamos no caminho certo. Voltamos à liderar o ranking da Fifa e o balanço financeiro comprova que se está diante de uma gestão muito competente, apesar do momento de crise financeira nacional.

Por que a CBF é tão forte politicamente no Congresso?
Não só no Congresso, como também em todas as demais instituições. Estamos falando da entidade que controla o esporte mais admirado do país, que movimenta nossa economia e que representa o maior produto de exportação do Brasil. Assim, é claro que é uma entidade muito expressiva, protagonista, cujas manifestações são sempre recebidas com o respeito que merecem.

Você se incomoda com o tom pejorativo do termo “bancada da bola”?
Não vejo esse tom pejorativo. O Congresso tem representantes de vários setores e tenho muito orgulho de defender os interesses do futebol.

Como viu o desfecho da CPI do Futebol?
Como todas as Comissões Parlamentares de Inquérito, a CPI foi um espaço de amplo debate e profunda investigação. Muitos foram inquiridos e vários documentos foram requisitados. O relatório final foi propositivo e tenho certeza que a conclusão foi acertada, vez que foi decorrente de longa discussão.

A Federação Mineira tem eleição chegando. Pensa em ser presidente?
Não. A eleição será em junho de 2018 e o atual presidente, Castellar Neto, tem feito uma gestão de referência para o futebol brasileiro. Não à toa foi escolhido para representar a Conmebol na Fifa pelos próximos quatro anos.

Fonte: Blog De Prima