O STJD estuda incluir no Regulamento Geral de Competições (RGC) do ano que vem a obrigação do controle de acesso e de identificação de torcedores nos estádios. Com isso, passa a ser responsabilidade dos clubes, a fiscalização da entrada dos torcedores nos estádios. Quem não fizer, será punido pelo Tribunal. A ideia é que os clubes arquem com os custos de instalação dos sistemas de controle, que giram em torno de R$ 300 mil. O Internacional é um exemplo estudado. Em ação pioneira, desde agosto, 100% dos integrantes das organizadas do Colorado estão cadastrados pela biometria digital.
A medida já vai valer para o Campeonato Carioca do ano que vem. Isso se os clubes aprovarem o regulamento. Serão incluídos dois novos pontos: a obrigação do cadastro dos membros das torcidas (que vem sendo feita há anos pelos Ministérios Públicos) e a obrigação dos clubes de implantar o sistema de controle digital ou facial dos integrantes. Ações como estas já vêm sendo estudadas pelo MP de São Paulo, mas ganharam força a partir da última semana, após a criação de uma força-tarefa entre o Tribunal de Justiça do Rio, o Ministério Público do estado e o STJD.
A instalação do sistema de informática para o controle digital ou biométrico é o que, de fato, pode contribuir para a diminuição dos casos de violência nos estádios. Medida que, se o que o Ministério do Esporte determinasse fosse cumprido pela CBF, já era para estar valendo desde 2014, quando o órgão determinou que os estádios tivessem tal controle. Uma coletiva foi convocada em Brasília para tratar do tema pelo então ministro Aldo Rebelo, motivado pela selvageria que ocorreu em Joinville, entre vascaínos e torcedores do Atlético-PR. Após o encontro, nada foi feito por parte de quem organiza o futebol brasileiro.
Inter criou um departamento de torcidas
O equipamento comprado pelo Internacional é o mesmo usado pelo Ministério da Justiça para emissão de passaportes. Grava digital e as informações pessoais do usuário. De acordo com o clube, o sistema vem funcionando satisfatoriamente. Em um caso recente, ajudou a identificar com rapidez e suspender do estádio 20 torcedores que depredaram o Beira-Rio após uma derrota do time no Brasileiro. Aqueles que foram identificados e punidos não conseguirão entrar no Beira-Rio ao colocarem suas digitais na roleta de entrada.
O clube não tem somente o cadastro e o controle de todos os integrantes de suas organizadas, mas criou uma diretoria dedicada ao relacionamento com as facções, a Diretoria de Torcidas, sob o Departamento de Relações com as organizadas. Na pasta, são promovidas ações como incentivo à banda e a atividades artísticas como montagem de mosaicos e outras manifestações por parte das torcidas.
“Nós financiamos a festa. Esta é a contrapartida que oferecemos por eles estarem sujeitos ao controle e fiscalização do clube. Pagamos para fazerem a logística dos mosaicos. Em dias de jogos, colocamos os torcedores responsáveis pela organização para dentro do estádio às 10h30 da manhã, para um jogo que será somente às 18h30. Ele recebe todo o material do Inter, não arca com esse custo e ainda fica fora da rua, não se envolve em problemas enquanto está lá”, explica Limeira.
A banda das organizadas tem, não somente o apoio do clube, mas como também oferece cursos para quem quer aprender algum instrumento musical, tudo pago pelo Inter.
“Eles recebem um salário para dar aula para crianças em situação de vulnerabilidade. Essa é uma forma de relacionar-se, promover a festa que é importantíssima para o clube e não incentivar a violência. O torcedor que desobedece, está fora”, conta o dirigente.
Um modelo a ser copiado. Sem dúvidas mais eficaz do que financiar as facções na tentativa de usá-las como massa de manobra política. Incentiva a festa, não torna o clube refém e ajuda a controlar a violência.
Fonte: Gabriela Moreira | ESPN
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